ARegraDoJogoDesejoServidãoEControle

Laymert Garcia dos Santos e Pedro Peixoto Ferreira A Regra do Jogo: desejo, servidão e controle, 2008

Termos: prosumidor, jogalho.

Sterling: o design eficaz não intervêm no humano nem no objeto, mas sim na relação entre eles, no domínio do tecnosocial, naquilo denominado como infraestruturas de apoio que são necessariamente vinculadas e dependentes de seus criadores e reprodutores.

Nova cultura da rede e da interface horizontal: o ordenamento seletivo e sequencial da interatividade produz um mundo próprio, mas que é altamente condicionado.

Pessoas podem produzir muito mais quando jogam do que quando trabalham, desde que existam ferramentas para a apropriação dessa produção distribuída.

O jogador como indivíduo (o que pensa, etc) coeso e coerente não importa, apenas aquela parte dele acoplada na máquina e dividida por ela, totalmente aberta ao registro e consequentemente à mensuração e ao controle.

O espaço digital virtual é intelegível e real porque é a experiência de atuar nele que o faz real. Há um elemento de atuação (performance) que concretiza o evento como algo que não é apenas imaginado, mas que acontece realmente.

Cada ação no ciberespaço é passível de registro integral. Estamos aqui muito longe de qualquer imaterialidade.

Dois sentidos de liberdade no capitalismo: a radical dissociação entre atividades de produção e consumo; e a consequente redução ao mínimo das relações interpessoais não baseadas na livre escolha racional do mercado.

Não basta obrigar o jogador a aceitar as regras do jogo, é preciso fazer com que ele veja a aceitação desas regras como mais vangajosa do que a sua recusa.

Deleuze e Guattari: servidão x sujeição “distinguimos como dois conceitos a servidão maquinica e a sujeição social. Há servidão quando os próprios homens são peças constituintes de uma máquina, que eles compõem entre si e com outras coisas (animais, ferramentas), sob o controle e a direçao de uma unidade superior. Mas há sujeição quando a unidade superior constitui o homem como um sujeito que se reporta a um objeto tornado exterior, seja esse objeto um animal, uma ferramente ou mesmo uma máquina: o homem, então, não é mais componente da máquina, mas trabalhador, usuário..., ele é sujeitado à máquina, e não mais submetido pela máquina (deleuze-guattari, mil platos, v.5, p.156)

“se as máquinas motrizes constituíram a segunda idade da máquina técnica, as máquinas da cibernética e da informática forma um terceira idade que recompõe um regime de servidão generalizado: sistemas homens-máquinas, reversíveis e recorrentes, substituem as antigas relações de sujeição não reversíveis e não recorrentes entre os dois elementos; e a relação do homem e da máquina se faz em termos de comunicação mútua interior e não mais de uso ou de ação” (idem, p.157-158).

Estaríamos nós, no capitalismo avançado, diante de uma economa fundada na extração de mais-valia de prazer ou de gozo por parte do prosumidor-jogalhador e na extração de mais-valia de poder e dinheiro por parte da empresa, todos “lucrando”, todos tirando o seu beneficiozinho, e o sistema se expandindo e se reconfigurando?


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