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Cinema de números: os filmes ASCII de Vuk Cosic
Trechos de Cinema de números: os filmes ASCII de Vuk Cosic
"A lógica das novas mídias então corresponde à lógica pós-industrial da "produção sob demanda" e entrega "just-in-time", as quais foram em si tornadas possíveis pelo uso de computadores digitais e redes computadorizadas em todos os estágios de manufatura e distribuição. Com relação a isto, a ¿indústria da cultura¿ está na verdade à frente do resto da indústria. A idéia de que um consumidor determina as características exatas de seu carro no showroom, os dados são transmitidos para a fábrica e horas mais tarde o novo carro é entregue, permanece um sonho; mas no caso da mídia computadorizada, isto já é uma realidade. Como a mesma máquina (isto é, um computador) é usada como um showroom e uma fábrica, e como a mídia existe não como um objeto material mas como dados que podem ser enviados por fios na velocidade da luz, a resposta é imediata." "Embora a maior parte dos lançamentos de Hollywood envolvam agora cenas manipuladas digitalmente, o uso de computadores é sempre cuidadosamente ocultado. O cinema de narrativa comercial ainda continua a se prender ao estilo clássico realista no qual imagens funcionam como registros fotográficos intocados de alguns eventos que se deram à frente da câmera. Como dar sentido a essa evidência confusa? Se, historicamente, cada período cultural (Renascença, Barroco, e aí por diante) trouxe consigo uma nova linguagem expressiva, porque a era do computador fica com freqüência satisfeita em usar a linguagem do período prévio, em outras palavras, a da era industrial? A resposta a essa questão é importante por que geralmente uma nova linguagem cultural e um novo regime sócio-econômico caminham juntos. Normalmente esta tese, especialmente apreciada por críticos marxistas, costuma ser passada do econômico para o cultural, isto é, um crítico tenta ver como uma nova ordem econômica encontra seu reflexo na cultura. Mas podemos também nos dirigir para a direção oposta, da cultura à economia. Em outras palavras, podemos interpretar mudanças radicais na cultura como indicadores das mudanças na estrutura econômico-social. A partir desta perspectiva, se a nova era da informação não trouxe consigo uma revolução nas formas estéticas, talvez isso se deva por que essa era ainda não chegou?"
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