CriseVaiTrazerProblemasMuitoGraves

A crise vai trazer problemas muito graves

Trechos de A crise vai trazer problemas muito graves, estamos no comecinho ainda, entrevista com Vito Antônio Letizia publicada na revista Caros Amigos 134 (maio 2008).

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  Questão: Estamos no limite de um ciclo no fim do neoliberalismo?

  Resposta; O capitalismo pós Segunda Guerra chegou ao limite de expansão sem se
  defrontar com uma grande crise. A expansão fio possibilitada pelo acesso de
  grandes contingentes da população ao mercado de consumo, em todos os países. No
  Brasil, uma parte da população ascendeu a um nível de consumo superior. Hoje, o
  modo de expansão se dá através da compressão do custo salarial, em primeiro
  lugar. E do custo dos transportes internacionais. Então o modo de
  desenvolvimento generalizado é o de todos os países se transformaem em
  plataformas de exportação. É como o Brasil está fazendo. Esse é o modo,
  acompanhado de compressão salarial, para diminuir os custos. Antes, a gente
  podia dizer que estava num pocesso de substituição de importações, hoje estamos
  num processo de substituição de consumo: importamos da China qualquer bugiganga
  que antes se fabricava no Brasil, simplesmente porque está mais barato. O
  Brasil procura exportar qualquer coisa que alguém esteja disposto a importar,
  mesmo que signifique desindustrialização, destruição da Amazônia. É esse modo
  que está em crise. Porque tem uma pedra de cúpula onde se concentram todas as
  energias, o grande mercado de consumo estadunidense, que tem um défict
  monumental e é o grande absorvedor de excessos de produção dos países
  transformados em plataforma de exportação. Ora, esse grande mercado de consumo
  encontra dificuldades cada vez maiores de prosseguir assim. A solução final da
  crise estadunidense seria reverter isso. Mas fazê-lo significaria uma mudança,
  tão drástica no equilíbrio do sistema, que é difícil prever no que resultaria.

  Questão: Os neoconservadores propõem fazer isso por meios militares.

  Reposta: Quando as necessidades do sistema são muito violentas, a truculência
  torna-se inevitável. Mas a crise estadunidense não pode continuar
  indefinidamente assim. Alan Greenspan (ex-presidente do Fed, Banco Central
  estadunidense) admite que "acabou o tempo emq ue se pode continuar crescendo
  sem inflação". Antes, era possível crescer e manter a estabilidade monetária.
  Agora, será necessário sacrificar a estabilidade, o que significa comprometer
  todo o resto, pois implica sacrifícios que vão ter que ser partilhados por todo
  o mundo. Aliás, uma expressão nova apareceu entre os economistas
  estadunidenses: socializar os prejuízos. A crise acontecerá em escala mundial,
  vai trazer problemas muito graves. É difícil saber qual a forma que vai se
  desenvolver porque estamos no comecinho ainda.

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