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Máquinas radicais contra o tecno-império. Da utopia ao network

Trechos de Máquinas radicais contra o tecno-império. Da utopia ao network:

  Em outras palavras, já foi dito que no pós-fordismo, a fábrica saiu da fábrica,
  que a sociedade inteira se tornou uma fábrica.

  [...]

  Se é verdade que hoje o principal instrumento de trabalho é a cabeça e que, portanto,
  os trabalhadores podem imediatamente se reapropriarem do meio de produção, é igualmente
  verdade que também o controle e a exploração da sociedade se tornaram imateriais
  cognitivos reticulares.

  [...]

  As meta-máquinas sociais estatais econômicas às quais nós, seres-humanos, estamos conectados
  como próteses, estão dominadas por automatismos conscientes e inconscientes. As meta-máquinas
  são gerenciadas por um tipo particular de trabalho cognitivo que é o trabalho político
  administrativo gerencial, o qual projeta, organiza, controla em vasta escala, uma forma de
  general intellect que nunca consideramos no passado, cujo príncipe é uma figura que aparece
  em cena na segunda metade do século dezenove: o gerente ou manager.

  Como lembra Bifo, citando Orwell em seu ensaio O totalitarismo Tecno-administrativo
  de Burnham a Bush, no mundo pós-democrático (ou, se preferirem, no império) são os gerentes
  que assumiram o comando: "O capitalismo está desaparecendo, mas o socialismo não o substitui.
  O que está nascendo é um novo tipo de sociedade planificada e centralizada que não será nem
  capitalista nem democrática. Os governantes serão aqueles que controlam efetivamente os meios
  de produção, isto é, os executivos, os técnicos, os burocratas e os militares, unidos sob
  a categoria de gerentes, administradores ou managers. Eles eliminarão a velha classe proprietária,
  esmagarão a classe operária e organizarão a sociedade de modo a manter em suas mãos o privilégio
  econômico. Os direitos de propriedade privada serão abolidos, mas não por isso será estabelecida
  a propriedade comum. Não existirão mais pequenos estados independentes, mas grandes super-estados
  concentrados em torno dos centros industriais da Europa, Ásia e América, e esses super-estados
  combaterão entre si. Essas sociedades serão fortemente hierárquicas com uma aristocracia do
  talento no vértice e uma massa de semi-escravos na base." (George Orwell, Second Thoughts on
  James Burnham, 1946). [5]

  [...]

  A multidão funciona como uma máquina porque se reduziu a um esquema, a um software social,
  concebido para a exploração de suas energias e de suas idéias. Assim, os tecno-gerentes ou
  tecno-managers (públicos, privados e militares) são aqueles que, inconscientemente ou não,
  projetam e controlam máquinas feitas de seres humanos ‘assemblados’ uns aos outros.
  O general intellect gera monstros. 

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