ParisMaioDe68

Paris: Maio de 68

Fichamento de Paris: Maio de 68.

Seleção de trechos

Págs. 17-18

Sobre a universidade.

Pág. 37

  Um poder que poderia varrer tudo que estivesse na sua frente, se ele, porém,
  decidisse fazê-lo. [o parágrafo subsequente também é interessante.]

Página 107

  Em poucas e gloriosas semanas de ação os estudantes e os jovens trabalhadores
  dissiparam o mito da bem organizada e bem lubrificada sociedade capitalista
  moderna, na qual os grandes conflitos estariam erradicados, restando somente
  problemas marginais a serem resolvidos. Foi mostrado de uma hora para outra aos
  dirigente acostumados a dirigir tudo, que eles não tinham compreensão de nada.
  Os arquitetos que costumavam planejar tudo mostraram-se incapazes de assegurar
  o endosso daqueles para os quais se destinavam os seus plano. [...] Não foi a
  fome que levou os estudantes à revolta. Não havia uma "crise econômica" nem
  mesmo no sentido mais amplo da palavra. Essa revolta não teve nada a ver com o
  "sub-consumo" ou com "superprodução". A "queda da taxa de lucro" simplesmente
  não entrou em cena.

Pág 108

  O movimento atual mostrou que a contradição fundamental do
  capitalismo burocrático moderno não é a "anarquia do mercado". Não é a
  "contradição entre as forças produtivas e as relações de propriedade". O
  conflito central ao qual todos os outros conflitos estão relacionados é o
  conflito entre os que dão ordens (dirigentes) e os que obedecem ordens
  (executores). A contradição insolúvel que atravessa o âmago da sociedade
  capitalista moderna é a contradição entre a sua necessidade de excluir as
  pessoas da gestão de suas próprias atividades e ao mesmo tempo requerer a
  participação delas, sem a qual ela ruiria. Essas tendências se expressam por um
  lado na tentativa dos burocratas de converter homens em objetos (pela
  violência, pela mistificação, por novas técnicas de manipulação -- ou "sonhos
  materiais") e, por outro lado, na recusa humana de permitir que sejam tratados
  dessa forma.

Pág. 109

  Os acontecimentos na França mostram claramente algo que todas a
  revoluções mostraram mas, pelo que parece, tem de ser sempre reaprendido. Não
  existe "perspectiva em si mesma revolucionária", não há "aumento gradual das
  contradições", não existe "progressivo desenvolvimento da consciência
  revolucionária das massas". O que existe são as contradições e os conflitos que
  descrevemos e o fato da sociedade burocrática moderna produzir, de certa forma
  inevitavelmente, "acidentes" periódicos que interrompem seu funcionamento.
  Ambos provocam intervenções populares e fornecem às pessoas oportunidades para
  reivindicarem seus direitos e para transformarem a ordem social. O
  funcionamento do capitalismo burocrático cria as condições a partir das quais
  uma consciência revolucionária pode emergir. Essas condições são uma parte
  integrante da totalidade da estrutura social alienante, hierárquica e
  opressiva.

Pág. 114

  Se a revolução for apenas uma explosão de poucos dias (ou semanas), a ordem
  estabelecida -- quer ela saiba ou não -- será capaz de superá-la. A sociedade
  de classes -- no fundo -- até mesmo necessita de tais abalos. Esse tipo de
  "revolução" permite que a sociedade de classes sobreviva, por forçá-la a se
  transformar e se adaptar. Esse é o verdadeiro perigo hoje em dia. Explosões que
  destroem o mundo imaginário no qual as sociedades alienadas tendem a viver -- e
  os trazem momentaneamente de volta à Terra -- ajudam essas sociedades a
  eliminar métodos antiquados de dominação e a desenvolver métodos novos e mais
  flexíveis.

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